A quinta edição do For Rainbow - Festival de Cinema da Diversidade Sexual chega hoje, 3, ao fim. Foi uma semana de exibição de filmes, mostras competitivas de longas e curtas, show e exposições. O encerramento ocorre, a partir das 20 horas, na Boate Unique, a entrega do Troféu Arthur Guedes para os melhores filmes da mostra e, fechando a noite, a cantora e atriz transformista Rogéria faz uma apresentação intimista. O POVO conversou com a performer carioca, que nasceu Astolfo Pinto e ainda muito jovem adotou o nome artístico. A seguir, um pouco da sua história.
O POVO - A midiatização em torno dos transgêneros ajuda a acabar com o preconceito?
Rogéria - Eu sou homossexual, me visto de mulher, pareço uma mulher, mas sou homem e nunca sofri bullying. Agora assim, criança eu batia nos garotos também, toda vez que alguém me chamava de viado eu enfrentei na porrada, sempre fui terrível. E em (19)74 surgiu o artista Rogéria, quando o Teatro Revista sofreu uma crise e nós fomos substituir as vedetes. Eu acho que essa discussão melhorou a questão do preconceito, mas eu gostaria que nas passeatas fosse mais luta e menos exibicionismo. A parada gay é para reivindicar, e as pessoas transformam aquilo.
OP - Como você vê essa recente conquista em relação a aprovação no STF da união homoafetiva?
Rogéria - Eu vejo como uma coisa ótima, mas foi tarde, se fosse em outro país já tinha vindo antes. Antes as pessoas tinham de sofrer tanto, hoje é tudo tão fácil. Eu adoro ser homem. Mas sou um homem vestido de mulher, me visto de mulher naturalmente e pareço com uma mulher.
OP - Mas você é a Rogéria no dia a dia?
Rogéria - Claro. Enquanto eu converso com você estou aqui de robe rosa, rabo de cavalo, esperando o namorado.
OP - Você está namorando?
Rogéria - Namorado avulso! Namorado mesmo, não. Porque assim, amor é muito bom quando você é jovem. Que você consegue conciliar sexo e coração, beijo na boca, tesão e emoção. Depois não acontece. Eu amei apenas uma vez aos 19 anos. Só amei um único homem, depois e antes foi apenas tesão, sexo. Com ele foi amor. E eu acho que hoje eu seria muito triste se eu não tivesse sido verdadeiramente amada. Porque eu gosto de viver minha vida sozinha.
OP - E como é esse show intimista? Dá pra adiantar o repertório?
Rogéria - Não é um show, é uma apresentação. Eu vou cantar, e falar com o público, e vou abrir para quem quiser me fazer perguntas. Vou fazer é um pocket show, com grandes músicas. Eu não posso dizer exatamente o repertório porque não sou eu que seleciono, mas garanto que são todas músicas de muito bom gosto.
OP - Como está a expectativa para o show em Fortaleza?
Rogéria - Ah! Vai ser ótimo. Fortaleza é como se fosse uma sucursal do Rio de Janeiro, as pessoas são muito acolhedoras, as pessoas gritam meu nome na rua. É uma maravilha!
Serviço
Show de Rogéria no encerramento do 5º For Rainbow
Quando: hoje, 3, a partir das 20h
Onde: Boate Unique (rua Dragão do Mar, 441 - Praia de Iracema)Quanto: 2 kg de alimentos
Outras info.: (85) 3023 7629